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Acessibilidade
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Dados
Número | Data do documento | Legislatura | Ano |
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89 | 31/12/2013 | 2013-2016 | 2013 |
Situação | ||
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APROVADA - Proposição aprovada |
Autor Vereador | ||
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João Paulo Cordeiro de Lima |
Ementa | ||
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INDICO observadas as formalidades regimentais ao Senhor Prefeito Municipal, digne-se S. Excia. em promova estudos e gestões junto aos Ministérios do Turismo ou das Cidades, no intuito de desenvolver a implantação de um bondinho do Morro do Ouro, ligando a cidade (ponto de saída poderia ser o ponto alto do Jardim Paraiso) até encontrar com à área do Mirante da Bela Vista (no cume do Morro do Ouro). O Morro do Ouro, pela localização privilegiada, pela presença na história da cidade, pelo original acesso ao seu cume, é um marco natural, histórico e turístico da cidade de Apiaí, sendo referência visual para os turistas e para os próprios habitantes de Apiaí que principalmente nos dias de hoje procura o local, onde foi ali edificado um mirante que aumentou a visão privilegiada do lugar. A mineração no Morro do Ouro é conhecida desde remotos tempos coloniais, possivelmente desde 1675. Bandeirantes descobriram ouro, fundaram a Villa de Apiahy e abriram claras para lavrar a céu aberto dos minérios secundários, coluvionar, sobre as áreas onde viria a ser aberta a mina subterrânea. Esses minérios resultaram do intemperismo do minério primário e a sua desagregação, que proporcionaram a liberação, transporte e deposição das partículas de ouro. Ordenando resumidamente os fatos históricos relativos à mina do Morro do Ouro, segundo dados de CPRM (1980) e Shimada et al. (1999), tem-se a seguinte seqüência: 1885 – A empresa Resende e Cia incumbiu o Engº Gonzaga de Campos a realizar pesquisas na zona de Apiaí, tendo sido a propriedade do Morro do Ouro considerada a mais importante entre as estudadas. 1889 – José de Souza organizou uma sociedade, instalando pilões de madeira com sapatas de aço pra trituração do minério, construindo também uma estrada de carros de boi subindo o morro. 1902 – Antonio Melchert constitui, com alguns amigos, a empresa Antonio Melchert e Cia, montando um sistema com dez pilões e completo equipamento para amalgamação e cianetação. A iniciativa não produziu os resultados esperados, sendo paralisada em 1904, limitando-se à pesquisas em pequena escala até 1910. 1910 – David Carlos Macknight, Frank Edward Krug e Walter Charnley obtiveram uma opção para estudar a jazida e opoetunamente constituir uma empresa mineradora. Planejando operações conjuntas com as instalações de Melchert, enconmendaram um moinho com capacidade de 50 toneladas diárias, porém, a morte súbita do último, motivou o fracasso do empreendimento. O maquinário ficou depositado em Itapeva (então Faxinal) até 1922. 1922 – Macknight e seus sócios adquiriram as propriedades Morro do Ouro e Água Limpa. No mesmo ano, um incêndio destruiu as instalações de Melchert. Mesmo assim, o grupo continuou a lavra do minério, abrindo 1.600 metros de galerias e recuperando 6,5 kg de ouro através de amalgamações até o ano de 1924. 1939 – Com o advento do Código de Minas, Macknight, Krug e Charnley conseguiram o Manifesto de Mina sob o registro nº 939, de 20 de abril de 1939. A mina e seus imóveis estavam arrendados desde março do mesmo ano para a Cia de Mineração de Apiahy, com participação de capital japonês, pelo prazo de 15 anos. A atividade dessa empresa foi autorizada pelo Decreto nº5.021 de 13 de dezembro de 1939, dano-se início imediato aos trabalhos. No prazo de 01 ano, foram abertos 2.500 metros de galerias, das quais saíram cerca de 10.000 toneladas de minério a um teor médio de 5 gramas por tonelada. Na época, as reservas de jazida foram estimuladas em 100.000 toneladas de minério. O tratamento do minério consistia em britagem, moagem, recuperação do ouro grosso por amalgamação com mercúrio. O ouro fino era recuperado por cianetação, onde o metal era dissolvido em solução de cianeto de sódio e, após filtragem, recuperado por precipitação com adição de zinco. Trata-se de processo ainda muito utilizado nos dias atuais. Essa foi a época de maior movimento na cidade e foi onde conseguiram tirar o maior número de ouro do morro. Contam pessoas que trabalham lá, que o Morro chegou a ter cerca de 150 pessoas trabalhando. O ouro que saía do Morro, ia para São Paulo e depois, provavelmente, clandestinamente, era mandado para o Japão (essa foi uma sas alegações para fecharem a mineração em 1942, no início da 2ª Guerra Mundial). Alguns dizem que o ouro saía de lá em pó, embrulhados em feltros, mas, segundo Oswaldo Rafael Santiago, mais conhecido como Nhô Vá, um dos poucos trabalhadores dessa época, ainda vivo o ouro era fundido e saía em pequenas barras, chamadas lingotes que ele mesmo levava para São Paulo. Ele cita até o endereço: Rua São Bento, nº 276 – 2º andar. Os japoneses para abrirem os túneis, faziam um furo vem profundo, tiravam uma amostra, levavam para o laboratório e daí analisavam o material para ver se compensava abrir um túnel para ser explorado ou não. Por isso existem túneis mais longos e outros mais curtos e muitos deles se encontravam. Em cada túnel trabalhava de 8 a 10 pessoas. Existia o marreteiro que batia a marreta numa barra de ferro e o cavoqueiro, que era aquela pessoa que segurava a barra de ferro. Era um processo totalmente manual, tanto que os túneis são baixos, com quais ou menos 1,60 metros de altura por 1,50 metros de largura e todos em forma de arco. Na época dos japoneses não houve nenhum acidente grave, apenas um senhor perdeu uma vista por causa de uma fagulha de minério que entrou no seu olho, pois na época, as pessoas não tinham equipamentos de segurança, como óculos, máscaras, luvas, entre outros. Também tinha a pessoa que empurrava as vagonetes até a bica de rolamento. No morro havia trilhos e nos túneis mais significativos também. Nos que não tinham, as pessoas usavam um carrinho de mão para levar o minério até a vagonete. Da bica de rolamento o minério caía em cima de um caminhãozinho e este levava o material até a britagem (hoje logo acima das ruínas). Durante a exploração do Morro a face voltada para a cidade, não possuía nenhuma vegetação, tornando-se visível os túneis e as pessoas trabalhando, isso era necessário para abrir as estradas e galerias. A nova vegetação existente nessa face, começou a se formar a partir de 1942, ano que foi encerrada a mineração, por causa do início da 2ª Guerra Mundial, onde o Brasil era aliado dos Estados Unidos e inimigo do Japão. Durante muito tempo o local ficou abandonado e pessoas que moravam nas redondezas começaram a levar muitas coisas: como madeira, ferro, enfim, tudo que pudesse ser reutilizado em suas casas. Só em 1998 a Prefeitura Municipal por decreto declarou a área como sendo de utilidade pública e desapropriou-a, tendo como principal objetivo a preservação do meio ambiente e dos mananciais de água que abastecem a cidade. Essa é a história da exploração do Morro do Ouro que guarda relação direta e umbilical com a própria história de Apiaí, porquanto é um dos nossos pontos turísticos mais atrativos e porque não investir na valorização desse ambiente que já é aprazível por natureza e com o incremento de facilidades agregará maior valor turístico às belezas privilegiadas daquele lugar, hoje incorporado ao patrimônio da cidade. Palácio “Min. Mário Guimarães”, em 11 de Abril de 2013. JOÃO PAULO CORDEIRO DE LIMA (VEREADOR) |
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